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Salvação-Adoção

 

Doutrina: Salvação-Adoção

Leitura: Rm 8.1-17

 

Adoção é um ato pelo qual Deus nos faz membros de Sua família. É um ato da graça soberana, pelo qual Ele nos concede todos os direitos, privilégios e obrigações da afiliação àqueles que aceitam a Jesus Cristo como salvador.
O apóstolo João fala diversas vezes que somos filhos de Deus (Jo 1.12; 1 Jo 3.1,2). Paulo também afirma repetidamente esta verdade (Rm 8.14-17; Gl 3.26).
O termo “adoção”, na sociedade de hoje, é o meio pelo qual um estranho pode tornar-se membro de uma família. O dicionário Aurélio assim define “adotar”: Atribuir (a um filho de outrem) os direitos de filho próprio; perfilhar, legitimar. Era comum entre os romanos, quando até mesmo um escravo podia tornar-se filho, passando a ter direito ao nome, às possessões e a posição do pai adotivo. O pai também tinha direito à propriedade absoluta do filho. Entretanto, este termo é empregado na Palavra de modo diferente, significando “colocar como filho”. Na experiência humana, o nascimento legítimo e a adoção nunca se misturam na mesma pessoa. Não há uma ocasião para um pai adotar seu próprio filho. Na esfera divina, todo filho nascido de Deus é adotado no momento em que nasce. Deus nos adota e nos faz participantes da Sua natureza (2 Pe 1.4; Hb 12.10).

A adoção no AT
Deus apresentou-se no AT como Pai (Sl 103.13; Is 43.6,7; Ml 1.6; 2.10), mas foi somente quando Cristo veio e morreu por nós que os plenos benefícios e privilégios de ser membro da família de Deus ocorressem, dando o Espírito Santo o Seu testemunho em nosso espírito (Rm 8.16).
O termo não ocorre no AT, mas vemos sua idéia ali (Pv 17.2). Vemos provavelmente o uso deste ato legal no caso de Moisés (Ex 2.10; Hb 11.24). Entre os judeus, podemos ver, possivelmente, que Abraão adotou Eliezer (Gn 15.2,3) e Mordecai adotou Ester (Et 2.15). Também era possível que um avô adotasse seus netos como filho, como no caso de Jacó, adotando Manassés e Efraim (Gn 48.5).

Como nos tornamos filhos de Deus?
Pela fé em Jesus (Jo 1.12; Gl 3.26).
Todos os homens são criaturas de Deus, mas somente aqueles que crêem em Cristo podem ser realmente chamados filhos. Somente através da fé no Filho de Deus, o homem pode retornar ao seu estado original de comunhão íntima com Deus: O Filho de Deus se tornou homem para que os homens pudessem tornar-se filhos de Deus.
As Escrituras não associam a adoção com a regeneração, o novo nascimento, mas com a fé em Cristo, ou seja, Deus nos aceita em Sua família em resposta à nossa fé. A adoção ocorre ao mesmo tempo que a justificação e a regeneração, mas na ordem do pensamento aparece depois, sendo também independente da justificação. Deus poderia nos perdoar sem adotar-nos, mas Ele é tão maravilhoso que nos torna membros de sua própria família. A regeneração tem a ver com a nossa vida espiritual interior, a justificação com nossa posição diante de Deus e a adoção com a nossa comunhão íntima com Deus como nosso Pai.
Se Deus tivesse apenas perdoado os nossos pecados e nos resgatado, já seria muito mais do que merecíamos, mas seríamos apenas seus servos. Mas agora somos adotados por Ele para sermos mais que servos: somos Seus filhos! Não temos com Deus apenas uma relação de temor, mas de íntima comunhão.
A adoção foi planejada “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4,5), nos alcança no presente (Rm 8.15) , mas será plenamente realizada na ressurreição dos mortos (Rm 8.23).
Temos uma bela ilustração desta condição dos filhos de Deus na vida de Mefibosete (2 Sm 9). Ele era filho de Jônatas, não de Davi. Era aleijado, desgraçado, sem herança e sem direitos. Reconheceu-se como servo de Davi, mas por causa da aliança que o Rei fizera, passou a comer à mesa “como um dos filhos do Rei” (v11). Davi restituiu-lhe a herança, os servos, a terra e a sua posição no palácio real, tirando-lhe da condição de “cão morto” para a posição de príncipe. Deus é aquele que nos tira do monturo, nos dá um lugar entre os príncipes e nos dá uma família (Sl 113.7-9).

Evidência da adoção:
a) O impulso íntimo que nos impele a considerar Deus como nosso Pai (Rm 8.15);
b) O testemunho do Espírito Santo (Rm 8.15,16; Gl 4.6; 1 Jo 5.10), que corrobora com o nosso espírito;
c) A comunhão existente entre nós, o Pai e o Filho, num contato espiritual genuíno (1 Jo 1.3);
d) A comunhão criada entre os crentes, como uma família (1 Jo 1.7; Ef 2.19).

Benefícios da adoção:
Ao longo da história humana, existiram muitos imperadores e reis que se consideraram verdadeiros “donos do mundo”. Seus filhos certamente gozaram de muitos benefícios. Mas os que aceitam a Jesus são verdadeiramente filhos do Senhor do universo e são muitos os benefícios de sermos Seus filhos. Alguns deles são:
a) Pertencer à família de Deus (Ef 3.15; Hb 2.11; Mt 12.49; 25.40; Jo 20.17).
b) Podermos tratar Deus como nosso Pai (Mt 6.9) e não somente como Senhor (Gl 6.7). Ele nos entende (Sl 103.13,14) e cuida de nós como um Pai (Mt 6.32).
c) Sermos feitos herdeiros (Rm 8.17; Gl 4.7; 1 Pe 1.4). Tudo o que é de Cristo é nosso (1 Co 3.21,23; Lc 15.29-31). Temos um reino (Lc 12.32), uma pátria superior (Hb 11.16), uma coroa de vida (Tg 1.12) e um eterno peso de glória (2 Co 4.17).
d) Ter a confiança de fazer parte da família dos salvos, sem medo (Rm 8.15).
e) Ter o privilégio de sermos guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.14).
f) Sermos disciplinados por Ele (Hb 12.5,6,7,10).
g) Ter, já no tempo presente, a assistência dos anjos (Hb 1.14).
h) Ter uma comunhão mútua, com os irmãos, mais íntima que há entre os anjos (At 15.36; 1 Tm 5.1,2)
i) Ter, no porvir, a glória, um corpo glorioso (Rm 8.17,23).

Obrigações da Adoção:
O fato de sermos filhos de um Pai tão especial nos traz também algumas obrigações:

a) Devemos imitar nosso Pai (Ef 5.1; 1 Pe 1.14-16; Lc 6.35; Mt 5.44-48).
b) Devemos honrar e glorificar nosso Pai (Mt 5.16; Fp 2.15; 1 Jo 3.10; 1 Pe 2.12).

Obras consultadas:
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 6ª edição. São Paulo: Hagnos, 2002.
DUFFIELD, Guy P.; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da Teologia Pentecostal. São Paulo: Quadrangular, 2000.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
WILEY, H. Orton; CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, 1990.