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Salvação-Expiação

 

Doutrina: Salvação-Expiação

Leitura: Hb 9.11-28

 

Conceito: É a satisfação oferecida à justiça divina por meio da morte de Cristo pelos nossos pecados, em virtude do qual todos os que crêem em Cristo são pessoalmente reconciliados com Deus, livrados de toda a pena dos seus pecados e feitos merecedores da vida eterna.
A expiação é a remoção da causa da inimizade do homem (Rm 5.10). Na expiação a fraqueza, a impiedade e o pecado (mencionados em Rm 5.6-8), fatores causadores da inimizade são removidos. Portanto expiação é o cancelamento da fraqueza (Rm 5.6), da impiedade (Rm 5.6) e especialmente do pecado (Rm 5.8; 1 Jo 1.29; At 3.19).

A causa da expiação: o amor (Jo 3.16; Rm 5.8) e a justiça de Deus (Rm 3.25,26). Por Seu amor Ele deseja salvar-nos, mas Sua justice exige o pagamento da pena pelo pecado. Uma vez que Deus decidiu salvar-nos, a expiação era necessária (Lc 24.25,26; Hb 2.17; 9.25,26). Assim, Ele mesmo pagou por nós, na pessoa de Cristo. A expiação não era necessária para estimular o amor de Deus – o amor foi a origem da expiação, mas para satisfazer Sua justiça.

A doutrina da expiação foi revelada no AT nos sacrifícios de animais, que apontavam para o sacrifício maior, do Cordeiro de Deus. Os profetas do AT também desenvolveram a idéia messiânica, revelando seus sofrimentos e morte sacrificiais.

A Expiação foi definitiva: Jesus pagou de uma vez por todas o preço dos nossos pecados. Só Ele era capaz de receber toda a ira de Deus contra nós e sofrê-la até o fim (Is 53.11; Jo 19.30). Por isso, não nos resta nenhuma condenação (Rm 8.1).

Termos do NT que descrevem diferentes aspectos da expiação:

1. Sacrifício – merecíamos morrer como castigo pelo pecado, mas Cristo morreu como sacrifício por nós (Hb 9.26);
2. Propiciação – merecíamos receber a ira de Deus pelo pecado, mas Cristo morreu como propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2.2; 4.10; Rm 3.25). Propiciar significa aplacar a ira de uma pessoa ofendida. Na propiciação a ação se dirige para Deus, a pessoa ofendida. O propósito da propiciação é alterar a atitude de Deus, da ira para a boa vontade e favor. Na propiciação é a ira que é removida (Rm 5.9,10) e a amizade de Deus é restaurada. Não é o caso de Deus mudar, mas sim de que sua ira é desviada (Sl 78.38; 79.8). A expiação extingue o pecado (a inimizade contra Deus), a propiciação extingue a penalidade do pecado (a ira de Deus) que é desviado para a cruz de Cristo (Rm 3.25; Rm 1.18,24,26);
3. Reconciliação – estávamos separados de Deus pelos nossos pecados, mas Cristo nos reconciliou com o Pai (2 Co 5.18,19; Cl 1.21,22; Rm 5.10,11). É a operação graciosa de Deus pela qual Ele reconcilia os pecadores consigo mesmo, por meio da morte de Jesus Cristo, removendo a inimizade (2 Co 5.18-21; Cl 1.20-22);
4. Redenção – estávamos escravizados ao pecado e ao reino de Satanás, mas Cristo pagou o preço para nos resgatar da escravidão (Mc 10.45; Rm 3.24; 1 Co 6.20; Mt 20.28; 1 Tm 2.6). Este resgate não foi pago a Satanás, mas a Deus, cuja justiça exigia o pagamento.

Algumas Teorias da Expiação

1. Teoria do resgate pago a Satanás – sustentada por Orígenes, teólogo de Alexandria: afirmava que Cristo pagou o resgate a Satanás, em cujo reino se encontravam todas as pessoas devido ao pecado. Não encontra confirmação direta nas Escrituras e tem poucos defensores na história da igreja, uma vez que era a justiça divina que exigia satisfação e Satanás não tem direito de exigir nada de Deus.

2. Teoria da influência moral – defendida por Abelardo, teólogo francês: sustenta que a morte de Cristo foi apenas um exemplo de como Deus ama o homem e não o pagamento de uma exigência. Esta demonstração de amor nos leva à gratidão e ao amor e, portanto, ao arrependimento e à fé. Esta teoria vai de encontro a muitas passagens que mostram Cristo morrendo pelos pecados.

3. Teoria da Satisfação – proposta por Anselmo: diz que o pecado ofende a honra de Deus, o que exige satisfação. Nós, porém, não poderíamos pagar uma dívida tão grande. Somente Deus poderia pagar este preço e como eram os homens os devedores, somente um Deus-homem poderia dar uma satisfação plena. Entretanto, esta teoria apresenta Deus como um senhor feudal que exige satisfação de seus vassalos, sem considerar o caráter amoroso de Deus e enfoca mais aspectos quantitativos – Cristo pagou a soma exata dos pecados – do que qualitativos, da dignidade do sofrimento de Cristo.

4. Teoria Governamental – proposta por Hugo Grotius, teólogo holandês: sustenta que Deus não tinha realmente que exigir pagamento pelo pecado, mas para mostrar que Ele é o Legislador do Universo e quando uma de Suas leis é quebrada uma pena terá que ser paga. Assim, Cristo não paga a pena por nossos pecados, mas apenas cumpre a lei divina. Contrariamente, a Bíblia fala da morte vicária de Cristo por nós.

5. Teoria da Substituição Penal – declara que Cristo suportou em nosso lugar a total penalidade que deveríamos pagar. Ele morreu não somente em nosso benefício, mas em nosso lugar. Cristo identifica-se com a raça humana, tornando-se igual a nós, mas sem pecado. Mostra um equilíbrio entre a ira e o amor de Deus, pois foi por amor que Ele mandou Cristo para pagar por nossa culpa.

A morte de Cristo foi substitutiva

Ele não morreu por seus próprios pecados (Jo 8.46; 1 Pe 2.22; Hb 4.15). Ele morreu pelos pecados dos outros (Is 53.5,6; 2 Co 5.14,15,21; 1 P2 2.22-24).

O Alcance da Expiação

A expiação é universal, mas não no sentido de que todos serão salvos, mas que a obra de Cristo provê salvação para todas as pessoas. A oferta sacrificial de Cristo tornou a salvação possível a todo aquele que crê (1 Tm 2.6). É universal no sentido de provisão, mas condicional na sua aplicação ao indivíduo (Jo 3.16,17; Rm 5.8,18; 2 Co 5.14,15; 1 Tm 2.4; 4.10; Hb 2.9; 10.29; 2 Pe 2.1; 1 Jo 2.2; 4.14). Cristo morreu mesmo pelos que podem vir a perecer (Rm 14.15; 1 Co 8.11; Hb 10.28,29). A Bíblia mostra também textos que mostram que Cristo morreu pelas ovelhas (Jo 10.11,15) e pela igreja (Ef 5.25; At 20.28), o que é plenamente verdade, sem anular a idéia de que Ele morreu também por aqueles que não crêem.

Benefícios incondicionais da expiação

1. A Existência contínua da raça – Se não fosse pela intervenção divina, a morte imediata dos primeiros pais seria inevitável e com ela terminaria a vida humana.
2. A Restauração de todos os homens à salvabilidade – a provisão proveu o dom gratuito da graça a todo o que crê.
3. A salvação das crianças – apesar de não haver declaração explícita nas Escrituras, não podemos chegar a outra conclusão à luz do amor e da graça divina.

Benefícios condicionais da expiação

Alcançados somente pelos que aceitam a Jesus como seu Salvador:
a) A Justificação
b) A Regeneração
c) A Adoção
d) A Santificação

Obras consultadas

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Siatemática. Curitiba: A. D. Santos, 1999.
WILEY, H. Orton; CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, 1990.